Para retratar como um povo tão distinto
do brasileiro mantém seus hábitos e de que forma a cultura peculiar dos
orientais coexiste com a ocidental em plena Amazônia brasileira, Makiko
Akao, japonesa que mora no Brasil desde criança e hoje é naturalizada,
idealizou o livro “Japanamazônia – Confluências Culturais”. A publicação
tem textos em português e japonês, além de fotografias de Paula
Sampaio, Miguel Chikaoka e Alberto Bitar – que retrataram o dia a dia
nos principais municípios do estado onde existe número representativo de
descendentes. Após um primeiro evento em Tomé-Açú, o livro será
relançado junto a uma exposição fotográfica nos próximos dias 30/10 em
Santarém e 6/11 em Monte Alegre, no Oeste do Pará. A programação encerra
em 22/11, em Santa Izabel.
O livro foi originalmente lançado em
2010, durante as comemorações dos 80 anos da imigração japonesa na
Amazônia, com o selo Kamara Kó Fotografias. A itinerância pelas quatro
cidades paraenses foi viabilizada por meio do projeto “Confluências
Culturais – Imigração Japonesa na Amazônia”, contemplado Programa
Amazônia Cultural 2013, do Ministério da Cultura. A segunda edição do
livro tem coedição da Pro-Reitoria de Relações Internacionais
(Prointer), da Universidade Federal do Pará (UFPA). A ideia agora é
voltar para onde o projeto passou em sua fase inicial e mostrar às
famílias o resultado final, disponibilizando a publicação nas colônias
japonesas do estado e com a mostra de 25 imagens. O livro também será
doado para instituições culturais e de educação.
“Nessas localidades tenho recordações da
minha infância. A minha família foi primeiro para Belterra e depois
para Monte Alegre, então, é um pouco essa busca da memória também. Hoje
estou totalmente integrada à cultura local, no entanto tenho a raiz
japonesa, talvez isso tenha facilitado a identificação dessas
confluências culturais japonesa e amazônida que existem. E para
comemorar a imigração, na época os 80 anos, pensei em mostrar através
de imagens dos três fotógrafos convidados, esse registro de
confluências , que sutilmente se mostra no meio do cotidiano do nossos
dias de hoje”, diz Makiko Akao.
HISTÓRIAS
Coube à jornalista e historiadora Rose Silveira escrever sobre o
ofício dos fotógrafos na busca pelo registro do cotidiano das famílias
japonesas no Pará. Para o oeste do estado, Alberto Bitar foi o enviado e
por lá encontrou representantes dos Ueno, Kishi, Otake e Okada. Rose
revela a surpresa de Bitar ao encontrar não uma resistente reminiscência
da tradição japonesa, mas hábitos já dissolvidos e interconectados.
“Ele esperava encontrar muitas
evidências em uma região referencial para a imigração, mas notou o
contrário: a diluição e perda desses marcos. Se não estivesse
procurando, não teria encontrado, imagina. Mas o olhar, desafiado,
mergulhou nesses microuniversos, elaborando um repertório de
visualidades e fazendo de sua fotografia a escrita de um certo
orientalismo – os claros-escuros da paisagem, a apreensão do movimento,
do tempo”, escreve a autora.
Fonte: RG 15/O Impacto e Dominik Giusti